Lucas, 23 anos, é estudante universitário e mora com os pais em uma casa simples no bairro onde cresceu. Divide seu tempo entre as aulas, o estágio e algumas tarefas domésticas. No papel, a rotina parece equilibrada, mas na prática, a divisão das responsabilidades na família é um peso que ele sente todos os dias.

Desde a adolescência, Lucas percebe que algumas funções na casa são distribuídas de maneira injusta. Enquanto seu irmão mais novo quase não recebe tarefas, ele é frequentemente sobrecarregado, sendo responsabilizado por limpar a casa, ajudar nas compras, resolver problemas de manutenção e até cuidar de assuntos burocráticos para os pais.

Não é apenas a quantidade de tarefas, mas também a forma como são cobradas: muitas vezes sem aviso prévio, com prazos apertados e em tom de crítica. Quando Lucas tenta conversar sobre a desigualdade, a resposta costuma ser defensiva ou minimizadora, como se ele estivesse exagerando ou “fazendo drama”.

Com o tempo, isso começou a gerar um acúmulo de frustração e desgaste emocional. Lucas passou a se sentir desvalorizado, como se seu esforço não fosse reconhecido e seu tempo pessoal não tivesse importância. Em alguns dias, ele se pega evitando estar em casa para escapar das cobranças e tensões.

Essa má divisão de papéis também afetou sua vida acadêmica. Já perdeu prazos de trabalhos da faculdade por ter que resolver problemas domésticos urgentes. Além disso, sente que a pressão constante e a falta de espaço para si mesmo diminuem sua motivação e sua energia para estudar.

Apesar de amar sua família, Lucas sente que esse desequilíbrio mina a harmonia do lar. Ele gostaria que todos contribuíssem de forma justa, de acordo com suas capacidades e disponibilidade, mas não sabe como iniciar uma mudança sem gerar conflitos maiores.