Pedro, 26 anos, está no último ano da faculdade de direito e ainda mora com os pais. Desde a adolescência, sente que suas escolhas são constantemente controladas pela família. Os pais sempre tiveram a palavra final sobre tudo: roupas, amizades, horários, estudos, e até mesmo sobre os relacionamentos que ele poderia ter.

Agora, mesmo jovem adulto, essa postura continua. Quando pensa em sair com amigos, precisa justificar onde vai, com quem estará e a que horas voltará. Quando demonstra interesse maduro por oportunidades de estágio em outra cidade, ouve que é melhor “ficar perto da família”. Até em pequenas decisões, como a compra de roupas ou a organização do quarto, recebe críticas e opiniões que soam mais como ordens do que conselhos.

Com o tempo, Pedro passou a sentir um peso constante: a impressão de que não tem espaço para ser quem realmente é e começar a construir a própria vida. Isso o deixa inseguro e ansioso, pois sempre espera a aprovação dos pais antes de tomar qualquer decisão. Em alguns momentos, até deixa de tentar algo novo por medo da reação deles.

Esse controle excessivo também prejudicou suas relações pessoais. Muitos amigos se afastaram porque Pedro raramente tinha liberdade para sair ou se expressar. Nos relacionamentos amorosos, enfrentou dificuldades porque a interferência da família sempre gerava conflitos. Aos poucos, começou a sentir que sua vida não estava sendo construída por ele, mas pelos outros.

Apesar de amar profundamente seus pais, Pedro guarda mágoas silenciosas. Ele sente que está preso a um ambiente que não respeita sua autonomia. Sonha com a independência, mas ao mesmo tempo teme que qualquer tentativa de se libertar seja vista como rebeldia ou ingratidão.