Isabela, 22 anos, está cursando enfermagem e ainda mora com os pais e dois irmãos. Apesar de amar sua família, a rotina em casa é marcada por constantes discussões, desentendimentos e críticas. O ambiente, que deveria transmitir segurança e apoio, muitas vezes se transforma em um espaço de tensão e desgaste.

As brigas começam por motivos pequenos — a bagunça do quarto, a má divisão de tarefas ou até mesmo pela escolha do que assistir na televisão. Porém, rapidamente escalam para acusações e ofensas, onde cada um tenta ter a última palavra. Nessas situações, Isabela sente que ninguém a ouve de verdade, e qualquer tentativa de diálogo acaba em mais atrito.

Com o tempo, essa convivência turbulenta passou a afetar o emocional de Isabela. Ela evita estar em casa o máximo possível, prolongando o tempo na faculdade ou inventando compromissos para não lidar com a tensão constante. Em dias mais difíceis, se fecha no quarto para chorar em silêncio, com a sensação de não ter paz nem no próprio lar.

Os conflitos também prejudicam sua concentração nos estudos. Muitas vezes, ela leva para a sala de aula o peso das discussões da noite anterior. Em relacionamentos de amizade e namoro, carrega a insegurança de repetir os mesmos padrões de brigas e falta de compreensão que vivencia em casa.

Isabela reconhece que sua família não é feita de pessoas ruins — todos se amam, mas o modo como lidam com frustrações e diferenças gera uma rotina de críticas, cobranças e confrontos. Essa repetição a faz sentir como se estivesse presa em um ciclo interminável, sem espaço para respirar e sem apoio verdadeiro para crescer.