Renato, 20 anos, é estudante de engenharia e mora com os pais e uma irmã mais nova. Embora tenha uma boa relação com alguns familiares, o ambiente em casa é marcado por constantes agressões verbais que o atingem de forma direta e silenciosa.

Desde adolescente, Renato ouve palavras duras quando algo não sai como esperado. Pequenos erros, como esquecer uma tarefa doméstica ou tirar uma nota abaixo da média, rapidamente viram motivo para explosões verbais: críticas pesadas, comparações humilhantes e xingamentos que o fazem sentir-se diminuído. Muitas vezes, ele escuta frases como “você nunca faz nada direito” ou “de que adianta estudar tanto se não aprende nada?”.

Essas agressões não ficam restritas a momentos específicos — tornam-se parte do dia a dia. Durante refeições, em conversas rápidas ou até mesmo em situações que poderiam ser leves, as palavras de cobrança e crítica se repetem. Renato percebe que, em casa, raramente existe espaço para um diálogo respeitoso e construtivo.

Com o tempo, o impacto emocional se intensificou. Renato passou a duvidar de si mesmo, desenvolvendo insegurança e medo constante de errar. Em alguns dias, prefere ficar no quarto em silêncio para evitar novas discussões. Em outros, sente uma raiva contida por não conseguir se defender sem que a situação piore.

Na faculdade, leva consigo as marcas invisíveis dessas agressões. Tem dificuldade em confiar no próprio potencial e, em várias ocasiões, já pensou em desistir de projetos importantes por acreditar que não era capaz. Até em suas amizades, nota-se retraído, como se a voz que ouve em casa ecoasse em sua mente, questionando sua capacidade.

Apesar disso, Renato ainda ama profundamente sua família. Ele entende que, muitas vezes, as palavras dos pais vêm do estresse ou das frustrações deles, mas isso não diminui a dor que sente ao ser constantemente ferido por palavras que deveriam apoiar, e não destruir.