Mariana, 19 anos, mora com seus pais e um tio que vive na mesma casa. Desde a adolescência, a convivência em seu lar tem sido marcada por episódios de agressão sexual, que a deixaram com medo, vergonha e insegurança no próprio ambiente familiar.

As situações acontecem de maneira silenciosa e oculta, geralmente em momentos de descuido ou quando ela está sozinha em casa. Toques indesejados e aproximações inapropriadas transformaram sua relação com o lar em uma experiência de constante ameaça. Mariana nunca sabe quando a situação pode ocorrer, o que a mantém em estado de alerta permanente.

Por fora, tenta manter a aparência de normalidade. Frequenta a faculdade, estuda e convive com os amigos como se nada estivesse acontecendo. Por dentro, no entanto, carrega sentimentos profundos de medo, humilhação e impotência. A cada contato forçado, sua confiança em si mesma e na própria família se enfraquece ainda mais, tornando-se difícil acreditar que exista um espaço seguro para ela.

Mariana evita pedir ajuda, temendo represálias e, sobretudo, o julgamento de não ser acreditada. Sente vergonha do que vive e acredita que, se falar sobre isso, poderá causar conflitos ainda maiores ou ser responsabilizada de alguma forma. Ao mesmo tempo, percebe que o silêncio a impede de se sentir protegida e de viver com tranquilidade, comprometendo sua autoestima e sua paz interior.

O efeito desse ambiente violento se estende a todas as áreas da sua vida. Mariana tem dificuldade em confiar nas pessoas, sente medo de relacionamentos e enfrenta insegurança em se impor ou estabelecer limites. A agressão sexual, repetida no espaço que deveria ser de proteção, fez com que sua energia vital e a sensação de pertencimento ao lar fossem gravemente abaladas.

Apesar do amor e do vínculo que mantém com seus pais, Mariana entende que a violência vivida dentro da família compromete sua saúde emocional e interfere em seu desenvolvimento. Ela percebe que precisa encontrar formas seguras de lidar com a situação e buscar apoio para proteger sua integridade.