Juliana, uma jovem de 19 anos, ainda mora com sua mãe e seu irmão mais novo em uma pequena casa. Desde que nasceu, nunca teve a presença do pai em sua vida. Ele abandonou a família antes mesmo dela completar um ano de idade, e esse vazio sempre foi uma ferida aberta que moldou grande parte de sua forma de enxergar a vida e a si mesma.

Apesar dos esforços da mãe em sustentá-los, Juliana cresceu sentindo a ausência de um referencial paterno. Nos momentos em que via outras famílias completas em reuniões escolares ou em encontros de amigos, a dor da falta de um pai presente se intensificava. Essa ausência se refletia na forma como ela lida com relacionamentos: Juliana constantemente teme ser deixada de lado ou substituída, como se não fosse suficiente para manter alguém ao seu lado.

No convívio com a mãe, embora exista afeto, há também muitas cobranças e discussões. A sobrecarga materna acaba recaindo sobre Juliana, que se sente responsável por ajudar a criar o irmão mais novo e a manter a casa em ordem. Ela muitas vezes abre mão de seus próprios desejos e sonhos para atender às demandas do lar, alimentando uma sensação de abandono não apenas paterno, mas familiar como um todo.

Essa realidade a fez buscar refúgio no isolamento. Juliana passa grande parte de seu tempo em seu quarto, navegando na internet ou tentando se distrair com séries e músicas. Apesar disso, a sensação de vazio é constante. Ela sente falta de alguém que pudesse guiá-la, apoiá-la e validar suas conquistas. Em silêncio, carrega uma mistura de tristeza e ressentimento pelo pai que nunca esteve presente, e pelo peso que a ausência dele trouxe para sua vida.